O meu entrevistado foi o Prof. Henrique Douglas.
Desde já eu quero parabenizá-lo por todos os seus anos dedicados a suas pesquisas,e pela sua simpatia e humildade ao me receber para entrevistá-lo.
Já comecei a pesquisar sobre antibióticos, pois gostei muito da sua pesquisa.
.E pude perceber que a atualidade se encontra em uma verdadeira disputa entre:
"Antibióticos x Bactérias a verdadeira corrida do século".
1)Qual a sua formação?
Eu sou Bacharel em ciências biológicas. Tenho mestrado em genética e Doutorado em farmacologia.2) Qual a sua instituição de formação?
Graduação, Mestrado e Doutorado na UFPB (Universidade Federal da Paraíba).
3)Faculdades que leciona atualmente?
Faculdade Leão Sampaio e URCA.
4)São quantos anos de estudo e pesquisa?
De início desde 96 que leciono, já fazem 15 anos letivos. Na parte de pesquisa desde 92 que eu desenvolvo atividade de pesquisa, que foi quando eu comecei a desenvolver na faculdade. Então já faz 18 anos que desenvolvo atividade de pesquisa, seja na faculdade ou nas faculdades que leciono.
5)Qual a tese do seu Doutorado?
Eu trabalhei com o uso de produtos naturais como moduladores de resistência a antibióticos.
6)Por que você escolheu essa área?
Primeiramente eu sempre trabalhei com microbiologia, e por conta disso, eu sempre tive muito interesse em aspectos genéticos envolvendo a resistência bacteriana a antibióticos.Então no Doutorado eu pude desenvolver essa estratégia de juntar a área forte da URCA (Universidade Regional do Cariri) que é a área de produtos naturais com essa possibilidade de trabalhar com essa resistência a antibióticos. Sempre foi minha vontade.
7)Qual a contribuição da sua pesquisa para o campo da genética?
Do ponto de vista da microbiologia e da aplicação de produtos naturais que podem causar essa reversão de fenótipo de uma bactéria de resistência para sensível é muito interessante. Primeiro porque você diminui o perigo de uma bactéria multirresistente.Através da associação do produto natural com o antibiótico. Do ponto de vista da genética, compreender como é que um mecanismo de resistores de resistência a antibiótico que é baseado na informação genética da bactéria é afetado pelo produto natural, pode ajudar a desenvolver novos fármacos com novos alvos farmacológicos contra essa resistência. Então esse é o objetivo do nosso trabalho “Tentar inibir a resistência ao antibiótico de forma que a bactéria se torne sensível a ela, através da inibição dos mecanismos genéticos de resistência” .
8)Quais foram os resultados obtidos?
Nós já temos vários indicadores de produtos naturais com a capacidade de modular positivamente a eficiência dos antibióticos, ou seja, nós conseguimos aumentar a eficiência de determinados antibióticos ao misturá-los com produtos naturais. E o mais interessante de tudo, criamos uma técnica de modulação através da adaptação de uma técnica anterior chamada de “contato gasoso”, onde nós conseguimos aumentar a eficiência do antibiótico inalando os vapores com óleos essenciais então esse componentes voláteis do óleo essencial podem aumentar a eficiência do antibiótico sem ter um contato direto com a bactéria e se ter um contato direto com a droga o que favorecia além das outras aplicações de controle de infecções, facilitaria também o controle de infecções no trato respiratório superior que geralmente é muito complicado o acesso por conta dos antibióticos. Não é todo antibiótico que serve como aerosol.
9)Em relação a resistência do nosso organismo a antibióticos . Quais os efeitos colaterais?
Naturalmente eu sofro infecções todos os dias, quem controla essas pequenas infecções é o Sistema Imunológico. Na ausência do Sistema Imunológico dos outros mecanismos físicos de proteção fica ao meu critério utilizar uma droga, então o uso do antibiótico vai impedir que essa droga , essa população bacteriana, progrida ao ponto de causar uma infecção mais generalizada e mais letal. Só que se eu tenho uma bactéria que se torna resistente, que foi selecionada quanto a sua resistência, esses antibióticos eu cada vez mais preciso aumentar a dosagem. Só que chega o ponto em que o próprio antibiótico, o uso dele se torna incapacitado de ser ampliado.Porque mesmo antibiótico tem uma dosagem.Por exemplo aminoglicosídeos, que são conhecidos por desenvolver outra toxidade e eles causam problemas nos rins, que podem piorar o caso em altas dosagens.Então o ideal é que eu tenha um antibiótico que tenha uma eficiência contra a bactéria sem precisar de uma dosagem exagerada. “Só que esse é um problema que hoje nós estamos começando a viver”. Nós já tivemos exemplos de pessoas que morreram de infecção generalizada após terem sido testados todos os antibióticos contra aquela bactéria, elas eram resistentes a todos os antibióticos. E ai vem a pergunta: A gente vive nessa correria, nessa corrida “armamentista” para contra as bactérias. Nós inventamos novas drogas e selecionamos as mais resistentes. Vai chegar um ponto em que talvez nós não tenhamos mais arcenal para combater e ai o que ser feito? A minha idéia é fazer o oposto, ao invés de utilizar uma droga contra um alvo, eu uso uma droga contra múltiplos alvos, porque ela está associada ao produto natural. Então quando eu uso um produto de mecanismo de resistência que estava adaptado a droga “A” ele não consegue resistir a droga “B” e a bactéria morre, porque ela se sobrecarrega ao tentar se dividir na capacidade de sobreviver nesse ponto.É essa a idéia da modulação.
10)Por que em alguns casos o uso de antibióticos é contra indicado?
Porque determinados antibiótico são facilmente absorvidos. Por exemplo: uma mulher grávida,ela não pode tomar determinados antibióticos, pois eles podem causar grandes problemas ao feto durante o primeiro trimestre, então a utilização de determinados antibióticos nunca deve ser feita. A administração de antibióticos nunca deve ser feita sem uma receita médica. Comprar antibióticos sem receita, utilizá-lo sem prescrição é uma erro grave para qualquer pessoa que zele pela sua saúde. Primeiro porque ela pode está causando uma intoxicação séria no seu próprio organismo. Segundo porque ela pode está selecionando bactérias resistentes no seu organismo de uma forma inadequada, sem ter necessidade de utilizar realmente aquele antibiótico. Existem casos específicos de pessoas que pelo simples fato de levar um tombo, toma antibiótico, é coisa assim, que parece brincadeira quando a gente fala, mas é verdade. Então esse uso inadequado, que no momento pode parecer propício na verdade se transforma num problema a médio e longo prazo, onde esse antibiótico seleciona bactérias resistentes e debilita as nossa populações bacterianas que são responsáveis pela manutenção de nossa saúde.
11)Alguma vezes as pessoas começam a usar um determinado tipo de antibiótico e criam resistência. Como se explica? Não seria arriscado essa pessoa ainda continuar se tratando com antibióticos?
O que é resistência a antibiótico? A resistência é uma fenômeno populacional .Existe uma população de bactérias, naturalmente existe bactérias que são mais sensíveis ou mais resistentes, isso é natural.Quando você usa antibiótico por tempo prescrito pelo médico você acumula uma dosagem sistêmica que vai eliminar aquela população inteira. Só que cada vez que você toma um antibiótico a dose aumenta, então o poder diminui. Só que chega um ponto que muitos acabam tendo a idéia de parar com o antibiótico porque o sintoma da doença desapareceu. Eu diminui tanto a população que a sintomatologia sobe então eu parei de tomar o antibiótico, seja porque eu vou para uma festa, seja porque eu quero curtir um aniversário, seja porque é chato tomar antibiótico,ai para. Ao parar se eu não eliminei toda a população, as mais resistentes, que são aquelas que agüentaram aquela dosagem e sobreviveram permanecem. Então o que foi que eu fiz? Eu selecionei uma população mais resistente. Essa população vai voltar a se desenvolver e vai compor o foco infeccioso. Nesse ponto quando voltar o meu antibiótico não vai mais funcionar, porque eu já selecionei uma população resistente, eu tenho que trocar de antibiótico. E se eu cometer o mesmo erro no próximo antibiótico eu agora selecionei uma população resistente a dois antibióticos. Se eu repetir isso muitas vezes, eu tenho o que nós chamamos de bactéria multirresistente a droga e esse é o grande problema .
12) O que se pode dizer da bactérias hospitalares?
O ambiente hospitalar é um solo fértil pra proliferação de microorganismos multirresistentes e toda bactéria tem o potencial de ser siliconada para resistência. Mas quem seleciona é o meio ambiente. E no hospital eu tenho antibióticos sendo utilizado em um grande numero de pessoas e que são debilitadas por traumas, por queimadura ou por doenças infecciosas de outros tipos. Então não é que o hospital seja ruim. Mais o hospital é o ambiente de mais risco do que o ambiente de fora, porque lá dentro estão as bactérias que são patogênicas e que estão num ambiente que favorece a seleção das mais resistentes, ou seja, ir para uma hospital sem necessidade é extremamente perigoso. Por isso que é importante dentro do hospital ter comissão com controle de infecção hospitalar para verificar se o ambiente está correto e se o padrão de segurança e manuseio de equipamentos e matérias está correto. Porque ao controlar o uso e a dinâmica do hospital eu controlo essa geração de microorganismo com múltipla resistência . Então por isso que ambientes hospitalares tem esses cuidados todos.
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Mensagem deixada pelo Professor Henrique Douglas
Em primeiro lugar, eu queria parabenizar o Professor Flávio Furtado pela idéia de fazer esse tipo de entrevista ,é importante . Conversei com o Prof. e ele me disse que essa era a possibilidade para que os alunos tenham contato com pessoas especializadas para se estimularem. E eu acho isso interessantíssimo e acho importante de mais que os alunos se empolguem com isso e comecem realmente tanto a quere fazer pesquisa quanto a cobrar da própria instituição que lá comece a ter uma política interna de pesquisa, porque a Leão Sampaio, por lecionar lá,eu vejo um grande potencial na instituição de se tornar um diferencial nas faculdades particulares do Nordeste, ao desenvolver áreas de pesquisa.Coisa que só existe no Nordeste pesquisa na UNIFOR. Então eu acho que a Leão Sampaio tem todo potencial humano para começar a desenvolver isso e se tornar uma referencial entre as faculdades particulares na área de pesquisa e acho interessante que nós encabecemos isso através de novidades. Como essas entrevistas para poder levar essa informação ao diretor da faculdade e tentar fazer com que ele se sensibilize nesse sentido e estimule essa parte de pesquisa na instituição.
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