sábado, 11 de junho de 2011

Carlos Frederico Martins Menck, por Taynan Almeida

Carlos Frederico Martins Menck
Biólogo formado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1977, onde se doutorou em 1982 em Bioquímica. Tem experiência na área de Genética, com ênfase em Genética Molecular e de Microorganismos, atuando principalmente em temas como reparo de DNA, mutagênese, ultravioleta e transferência gênica com vetores virais.

1. Quais as razões que o levaram a escolher a Biologia como formação?
            Quando garoto, algumas informações que conheci nas disciplinas de Ciências (no antigo Ginásio) e Biologia (no antigo colegial) me chamaram muito a atenção. Entre elas, fiquei fascinado ao saber da evolução do ser humano e nossa ligação com os chimpanzés. Eu adorava discutir as questões de evolução e hereditariedade, e vibrei quando vi um simples filme sobre a molécula do DNA. Acho que a partir daí eu defini que gostaria de estudar essa molécula.

2. Você já participou de algum Projeto muito importante? Como foi a experiência?
            Sim, Projeto Genoma Humano, mas, na verdade, tive poucas oportunidades de trabalhar com a rede brasileira de Genoma, mas conheci quase todo o pessoal, que é um ótimo time. Trabalhei de fato com os projetos genoma da rede FAPESP, e não com o projeto Genoma Humano em si. Mas de qualquer forma, confesso que foi uma boa experiência trabalhar em grupo, mesmo que reconheça como isso é difícil, pois cada pesquisador tem suas próprias ideias de como gerenciar um projeto. A característica de gerar um certo número de sequências por grupo, no entanto, propiciou o sucesso desses projetos.

3. Na sua opinião, é possível, no caso do Brasil, tornar a Genética mais acessível para os cidadãos comuns?
            Há várias iniciativas para trazer a Genética de uma forma compreensível para o cidadão comum. Revista especializadas em Genética, bons livros em português também estão ajudando e vão ajudar mais ainda. O mais importante, a meu ver, é que já na escola a genética. Seja trabalhada a fim de despertar a curiosidade nas crianças, para que busquem respostas para as questões básicas do mundo. Como por exemplo, como surgiu a vida na Terra? Existem ET`s de fato? Por que somos tão parecidos com os macacos? A Genética está envolvida em nosso dia a dia em vários momentos, como em vários procedimentos de saúde e na produção de nossos alimentos. E não tenho dúvidas que esse espectro de uso da Genética vai aumentar muito. Afinal, a Natureza inventou estratégias fabulosas para permitir a evolução dos organismos. Temos ainda muito a aprender com ela.
           
4. Atualmente você coordena um grupo de pesquisa? Você pode nos explicar um pouco sobre o desenvolvimento desse estudo e os principais resultados já apresentados?
            Sim, um grupo de pesquisa sobre respostas celulares a lesões no genoma. De uma forma simples, estudamos como as células de nosso organismo respondem quando submetidas a agressões no genoma. Essas agressões acontecem a todos os momentos e, se não forem consertadas, causam câncer e envelhecimento. Nós estudamos esses processos em seres humanos e em outros organismos (incluindo bactérias e plantas). Fomos dos primeiros grupos no mundo a mostrar que nosso sistema de reparo de DNA é similar ao de plantas, em clara demonstração do processo evolutivo. Conseguimos também estar entre os primeiros a entender como uma espécie ativada de oxigênio (o oxigênio singlete) pode lesar o DNA. Em células humanas, conseguimos os primeiros dados para corrigir defeitos genéticos em termos de reparo de DNA. Atualmente, entre vários projetos, um deles busca uma forma de tornar inativos os processos de reparo de DNA em células tumorais para desenvolvimento de terapias mais eficazes contra o câncer.

5. Na sua visão, o jovem brasileiro tem se interessado pela ciência?     
Há uma massa enorme de jovens no Brasil (mais de 50%) que nunca teve acesso à educação. Estatisticamente podemos afirmar que muitas mentes brilhantes se perdem por falta de oportunidade. Cabe a nós, pesquisadores e estudantes de pós-graduação, tentarmos resgatar pelo menos uma pequena parcela desse imenso tesouro.

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